Fazer uma psicologia existencialista, a meu ver, significa acreditar na singularidade de cada pessoa, na potência de cada pessoa em tornar-se mais livre e autônoma frente à vida.
Não tomando a liberdade em um sentido romantizado, como liberdade absoluta, nem tampouco ir para a polaridade oposta de um determinismo absoluto, mas uma liberdade que se dá entre as infinitas possibilidades no meio desses dois polos. Sendo assim, compreendemos qualquer adoecimento como restrição nas possibilidades de liberdade, por exemplo, a falta de vitalidade causada por uma depressão, ou a paralisação decorrente de uma crise de ansiedade restringe tanto nossa capacidade de agir, quanto um membro quebrado em nosso corpo pode restringir nossa capacidade de locomoção, ainda que de maneiras muito distintas, de uma forma ou de outra todo adoecimento se dá como algum tipo de restrição em nossa liberdade. Dessa maneira, tornar-se mais livre é sinônimo de tornar-se mais saudável física e mentalmente.
Acreditar na liberdade é também acreditar no potencial transformador das decisões quando tomadas de forma responsável. Quanto mais nos conhecemos nós mesmos, mais estamos aptos a tomar decisões responsáveis, bem pensadas. Dessa maneira, um processo terapêutico existencialista não se presta a dar conselhos, mas sim a ajudar cada pessoa a elaborar sua memórias, vivências, situações, desejos, metas, etc. de forma mais profunda e de acordo com aquilo que faça sentido para ela, para que cada uma possa tomar suas próprias decisões frente aos desafios encontrados.
E por respeitar a singularidade de cada pessoa, o processo terapêutico nunca é um lugar de julgamentos, o processo só pode funcionar se no espaço terapêutico você puder ser você mesma(o) da forma mais espontânea o possível, logo nesta abordagem o espaço terapêutico é sempre um espaço de acolhimento, de não julgamento, de reflexão e diálogo.
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